Mônica Vermelha

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Por uma educação de qualidade, laica e sem mordaça!


A luta por uma educação de qualidade é uma luta secular e tem vários desdobramentos: uma educação de qualidade é uma educação democrática, laica e sem mordaça; podemos resumir hoje!
Por uma educação democrática podemos entender uma educação feita por todos os seus sujeitos; uma educação inclusiva; uma educação que acolha, respeite, valorize e emancipe todas as pessoas e todos os saberes – inclusive aqueles construídos e elaborados em ambientes historicamente desqualificados e contrapostos à escola -, sem discriminações de quaisquer naturezas, sem propor ou admitir quaisquer privilégios e visando sempre a igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas!
Aqui é importante destacar o ataque estúpido, covarde e profundamente desumano que a comunidade LGBT tem sofrido nos últimos tempos em nome do combate a uma suposta “ideologia de gênero” que estaria sendo propagandeada ou praticada nas escolas. As acusações à escola são surreais e definitivamente fantasiosas: há que se desafiar, que alguém apresente um único professor ou professora que tenha ensinado crianças de cinco anos de idade a transar, que alguém apresente um único professor ou professora que tenha dito a algum aluno ou aluna: “seja gay, é melhor, mais bonito, você vai ser mais feliz e mais bem tratado pela sociedade!” , ou, ainda, que alguém apresente um educador ou uma educadora que tenha influenciado a “opção sexual” de alguém; mais ainda, que apresentem alguém que tenha feito uma “opção sexual” seja pela homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade ou transsexualidade”. A aceitação, respeito e valorização da diversidade é um desafio gigantesco, uma vez que as questões de gênero na escola ainda são “discutidas” na base dos xingamentos, piadinhas, agressões, ridicularizações e estereotipificações!
Um segundo elemento a ser considerado é a questão da laicidade da educação; este é um outro aspecto dessa mesma luta. Num país de tradição católica, embora o catolicismo não seja mais a religião majoritária, ainda vemos predominar imagens, crucifixos e ave-marias em praticamente todas as repartições públicas, numa demonstração cabal do nosso franco autoritarismo religioso; mas o pior é o silenciamento e a conseqüente negação dos outros credos com inevitável aumento do desrespeito, do preconceito e da violência contra praticantes de outras religiões, especialmente as de matriz africana, que são, frequentemente, demonizadas. Essas práticas dão respaldo ao fundamentalismo e à intolerância, tornando nossa sociedade cada vez mais segmentada, desrespeitosa e violenta!
Por último, mas não menos grave e não descolada desses outros aspectos, temos a questão da ditadura do pensamento único e acrítico. A partir de uma visão completamente irreal e distorcida da realidade escolar, setores conservadores de nossa sociedade têm disseminado a idéia de que as escolas doutrinam os alunos e os seduz com idéias esquerdistas. Vale ressaltar a contradição primeira desse setor da sociedade: se eles achassem que a escola está doutrinando os alunos com idéias e valores direitistas não teria problema algum, estaria tudo certo! Na verdade eles não pretendem tirar a “ideologia” da escola, eles pretendem negar às nossas crianças, adolescentes e jovens o contato com teorias humanistas, progressistas e emancipatórias, eles pretendem negar a esses sujeitos o direito a essa parte do conhecimento historicamente construído pela humanidade. Tal pretensão, na verdade, se assemelha muito às práticas típicas da Idade Média, quando livros e autores eram lançados à fogueira por causa de suas idéias. O acesso às diferentes correntes teóricas é condição sine qua non para que o sujeito construa o seu pensamento e fundamente as suas práticas e inserções sociais; para que exerça a sua cidadania e faça suas escolhas livremente! Negar uma parte desse conhecimento, dessas teorias é confiscar o livre pensar, é aprisionar a alma, é violentar o espírito dos nossos educandos.
Enfim, a luta por uma educação de qualidade enfrenta e ainda enfrentará inúmeros desafios, alguns estarrecedores, mas essa luta é emancipadora, é uma luta que enriquece e humaniza, que edifica e fortalece os que travam, em pleno século XXI, uma batalha contra as trevas da ignorância, do preconceito, da violência, da desigualdade e da opressão.

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