Mônica Vermelha

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quarta-feira, 16 de maio de 2012

A verdade que não produzirá frutos.

A Comissão da verdade foi implantada hoje, seus membros são personalidades, em princípio, idôneas, mas, que estão se prestando a participar de uma farsa. De que vale investigar os crimes da ditadura se não se vai punir ninguém? Com o apoio do nosso egrégio Supremo Tribunal Federal, a extrema direita deste país, aliada aos torturadores do período da ditadura, conseguiu fazer com que os criminosos, que serão agora nomeados, estivessem previamente absolvidos por uma anistia vergonhosa  e cúmplice.

A presidenta Dilma, que chorou na cerimônia de posse, uma das toturadas no período da ditadura, deve ter chorado de vergonha por estar não só participando, mas também, patrocinando esse circo. Não faz o menor sentido, todo mundo já sabe que houve desaparecimentos, torturas e assassinatos, todo mundo sabe que tudo isso continua acontecendo todos os dias no Brasil inteiro. Centenas de livros, teses, artigos, filmes, novelas, peças teatrais já foram produzidos sobre o tema, todo mundo já sabe, inclusive, os nomes dos torturadores e assassinos, e dos torturados, assassinados e desaparecidos. A essa altura dos acontecimentos não precisamos apurar a verdade, precisamos de justiça, precisamos conter os instintos assassinos dos que se julgam no direito de julgar, condenar, humilhar, violentar e executar os seus adversários. Essa comissão da verdade, servirá para que o Brasil diga aos seus cidadãos oficialmente: estes são os torturadores, eles cometeram crimes de tortura e assassinato, mas não serão punidos porque não podemos ser movidos por mágoas, ressentimentos ou revanchismos. Um discurso bonito, generoso, fácil para quem acredita que o povo, leia-se, os pobres,  deve continuar sendo vítima da violência e da humilhação nas delegacias, cadeias, penitenciárias e favelas do Brasil; um discurso fácil para aqueles que acreditam, no fundo, que as diferenças ideológicas devem ser resolvidas na base da porrada. Desculpe, meu querido leitor, mas essa comissão, na prática, vem dizer aos brasileiros que eles não devem reagir e nem se indignar diante da desigualdade, da injustiça, da exploração, da manipulação, porque se eles tentarem reagir eles serão calados e seus algozes perdoados. Está oficializada e ratificada a impunidade, os criminosos não precisam nem se arrepender dos seus crimes, eles foram generosa e oficialmente perdoados, um perdão patrocinado pelos seus comparsas, cúmplices, aliados e até, por algumas de suas vítimas. Eu estou definitivamente convencida de que esse perdão é mais um crime do Brasil contra o seu povo, contra a sua gente, contra os seus únicos e verdadeiros heróis. Eu tenho muito medo do que os militares, os políticos e a grande mídia, mancomunados, são capazes de fazer com o Brasil. Eu tenho um medo infinito dessa nossa passividade, da nossa incapacidade de lutar contra as injustiças, contra as farsas nossas de cada dia. Eu estou, infelizmente, envergonhada do meu país, profundamente triste porque somos indignos do sangue derramado pelos nossos mártires, pelos revolucionários, pelos que ousaram acreditar e lutar por um país mais justo, mais igualitário, melhor enfim. Estou envergonhada porque o meu País, rasgou a sua Constituição e admitiu a prática da tortura, eu estou envergonhada porque a tortura que se pratica todos os dias contra os negros, pobres, homossexuais, mulheres e adolescentes está sendo admitida e corroborada. O Brasil está dizendo ao mundo que aqui a covardia, o terror, a humilhação, o ódio contra o povo, a violência institucionalizada e armada são admissíveis, são toleráveis e vão continuar acontecendo. Eu estou de luto.

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