Mônica Vermelha

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segunda-feira, 4 de março de 2013

Por que defendo a “ditadura” cubana?

Em primeiro lugar, não concordo que Cuba seja uma ditadura, esse rótulo é atribuído à Ilha por países, instituições e pessoas capitalistas que desrespeitam todos os dias os direitos humanos, a liberdade de expressão e de organização da sociedade. Além disso, se formos considerar o termo no seu sentido mais estrito, concluiremos que democracia é algo que não existe em lugar nenhum do mundo, portanto, todos os países são mais, ou menos, democráticos; ou mais, ou menos, ditadores.
Penso que não faz muito sentido falar em ditadura num país que é campeão em educação, saúde, cultura, inclusão social, esportes etc. Ora, repressão, desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de expressão, pobreza e exclusão social existem em todos os países do mundo, em alguns mais que em outros, por quê então as “outras ditaduras” não incomodam os pretensos democratas? Na verdade, os EEUU precisam tachar de ditadura qualquer nação que lhes contrarie e/ou na qual eles tenham algum interesse, e existem poucos que escapam à sanha imperialista daquela que se diz a maior democracia do mundo. Por diversas vezes Cuba enfrentou e explicitou para o mundo inteiro a falsidade da democracia estadunidense e paga o preço sofrendo o bloqueio econômico e a propaganda anti-Cuba espalhada pelo mundo inteiro pelos cúmplices e defensores da mais falaciosa de todas as “democracias” contemporâneas, aquela que vive “ocupando” nações, torturando, humilhando e matando civis (inclusive crianças), destruindo patrimônios, culturas e histórias pelo mundo afora. Eu não gosto do capitalismo, acho-o intrinsecamente injusto, seu fundamento básico é a desigualdade e não a tão decantada liberdade. As pessoas que argumentam que preferem a liberdade de passar fome, morar na rua ou morrer por falta de atendimento médico são pessoas que nunca tiveram que passar por privações de espécie alguma ou que têm medo de um debate mais honesto. Claro que o regime ideal seria um terceiro que conseguisse harmonizar igualdade e liberdade, mas o fato é que no mundo capitalista a liberdade serve para cristalizar desigualdades e privilégios e para mascarar/legitimar injustiças. Os críticos da revolução cubana costumam considerar, de forma generalizada, que todo o povo cubano é alienado e adestrado, isso é de uma pretensão e de uma estupidez incomensuráveis, é se julgar dono da verdade e achar que quem não reza pela mesma cartilha é ignorante. É desconsiderar os altíssimos níveis de educação e cultura do povo cubano atestados por organizações internacionais, é desconsiderar os níveis de engajamento e de participação - espontâneas - deste povo. É uma bobagem. Ora, o povo cubano aprova o governo revolucionário, se não aprovasse, já teria se insurgido, ainda mais com tanto "incentivo" para aderir às "maravilhas capitalistas". Mas é normal, lá, como cá, os derrotados, os anti-povo não se conformam com o fato de que o povo está satisfeito com um governo que não se submete aos desígnios das elites, sempre minoritárias, mas destronadas, ressentidas, historicamente acostumadas ao mando e ao desmando e subservientes a "impérios" que legitima(ra)m seus privilégios. É certo que Cuba não é o paraíso, mas, praticamente, todas as avaliações que a classificam como o próprio inferno vieram de pessoas ideologicamente afinadas com o capitalismo ou entranhadas dos valores capitalistas. Eu considero como válidas as críticas dos socialistas, dos que conhecem a realidade cubana de dentro, dos que não endeusam o capitalismo e demonizam qualquer tentativa diferente. A simples existência e o tour da tal blogueira mundo afora já atestam que as coisas em Cuba não são exatamente como ela diz... ou então ela não poderia dizer, não é mesmo? Não gosto dessa história de uma mulher sair pelo mundo afora falando mal do seu país e do seu povo, oposição democrática se faz de dentro, com diálogo, formação e organização do povo, e não dando munição para que “ditaduras imperialistas”, travestidas de democracia, justifiquem possíveis intervenções bélicas. ... E antes que me mandem ir morar em Cuba, esclareço que não vou, amo o Brasil, amo o povo brasileiro, tenho aqui minha família, meus amigos, minha história, mas pretendo, o mais breve possível, passar lá uma boa temporada, para ver mais claramente as coisas como elas são e, quem sabe, ajudar de alguma forma esse povo que eu admiro tanto, apesar de conhecer pouco.

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