Mônica Vermelha

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sábado, 6 de dezembro de 2014

Crítica de uma petista - quase religiosa - ao PT ou, o momento não é de silêncio!



Ando muitíssimo preocupada com o PT e com o governo federal; silêncio, inércia, acomodação diante de um tiroteio implacável. Sim é mais do que tempo de renovar, retomar antigos valores e práticas. É mais do tempo de fazer uma avaliação, séria, profunda e corajosa. É mais do que tempo de assumir os erros e corrigir rumos. É mais do que tempo de expulsar das fileiras petistas e negar abrigo aos oportunistas e corruptos que vieram se esconder no partido.
É mais do que tempo de definir critérios sérios para as alianças, não dá mais para se aliar a direitistas-corruptos históricos e da pior espécie, agora é hora de avançar e as alianças precisam ser feitas com aqueles que, de fato, vão dar sustentação e se comprometer com as mudanças que o povo quer! Não dá mais para aliar e nem para dar abrigo a traidores, oportunistas e corruptos.
Não sou do tipo que critica as alianças dizendo que o PT “endireitou”; não, entendo que as alianças, muitas delas difíceis de engolir, eram e são necessárias e que sem elas, não teríamos conseguido fazer o muito, muito mesmo, que fizemos em termos de inclusão e promoção da igualdade social. Em momentos de maior arroubo, chego a dizer que valeria pena dar a mão ao próprio capeta se isso nos propiciasse condições de tirar milhões da miséria absoluta, de levar para a universidade milhões de negros e pobres que antes não tinham nenhuma perspectiva de chegar lá, de criar e manter milhões de novos empregos, de fazer a integração do São Francisco e um milhão de poços artesianos no Nordeste, de manter o controle da inflação e o aumento do valor real do salário mínimo em plena crise mundial e tantas outras coisas que o PT não teria feito se não tivesse se submetido às “benditas” alianças, simplesmente porque não teria chegado ao governo.
Porém, tudo nessa vida tem um limite e, neste processo todo, o PT além de se aliar a demônios de toda espécie, cometeu mais alguns pecados graves, como o de abrir-se demasiadamente, abrigando em suas fileiras gente que está muito longe de ser petista e de estar comprometido com as causas que a maioria dos petistas está, gente totalmente oportunista e sem escrúpulos... Sim, hoje, há corruptos nas fileiras do PT e isso acontece porque no processo de virar e ser governo, o partido cresceu sem planejamento e sem obedecer a critérios mínimos, aceitando filiações a torto e a direito e, nisso, entrou muita gente que não “merecia”; um tanto de gente que é indigna da maioria da militância petista. Não dá para aceitar “petistas” que votam contra a Reforma Política, não dá para aceitar “petistas” que votam contra a democratização da mídia, não dá para aceitar “petistas” que votam contra os direitos dos povos indígenas, não dá para aceitar “petistas” que, tendo a obrigação moral e funcional, de reagir e de defender o partido e o governo, se calam e se omitem vergonhosamente diante de crimes - explícitos e berrantes - cometidos contra os mesmos, não dá para aceitar “petistas” que, nas últimas eleições aqui em Minas Gerais, fizeram campanha para pimenta da veiga e aécio neves; para citar alguns exemplos.  
Tem um segundo pecado grave: a falta de comunicação, do governo especialmente, com a sociedade e com a militância petista em particular. O governo se distanciou muito e deixou à deriva a sua base e tivemos que nos virar para defendê-lo, quando ele mesmo não se defende, não se explica, não “fornece argumentos”, não ouve sugestões, não se comunica nem com seus aliados mais fiéis! Se a militância – que tem consciência do caráter manipulador dos grandes meios de comunicação e acesso a outras mídias - se vê perdida diante deste “apagão”, muito mais perdido e entregue à “grande” e manipuladora mídia está o cidadão comum, vítima, inconsciente na maioria das vezes, dos interesses escusos da mídia e do silêncio despolitizador e atordoante ao qual o governo federal tem nos condenado. Mesmo depois de um milhão de críticas de aliados e simpatizantes, como esta que agora faço, mesmo depois de inúmeras pessoas terem apontado o erro grotesco que significa este silêncio e a teimosia em continuar apostando e investindo muito dinheiro nas mídias que fazem, em 95% do seu tempo e espaço, a despromoção, a criminalização, a calúnia e a difamação do governo, a “comunicação” governamental não muda uma única vírgula, levando a militância ao desânimo e à irritação.
É claro que o momento é delicado, que as forças golpistas saíram do armário e estão por aí vomitando ódio e tecendo armadilhas, mas, não há como deixar de ver que entre as causas dessa “ressurreição direitista” estão a apatia, o silêncio, a acomodação por conveniência e a péssima, horrível e desastrosa política de “comunicação” do governo federal. Adotando estratégias medrosas, unilaterais e incoerentes ao máximo, o partido e o governo estão, aos poucos, perdendo aliados entre o que há de melhor na esquerda, sem ganhar nada ao centro e à direita. Hora de acordar, de repensar, de mudar, de ser honesto, ousado e corajoso; toda hora é hora disso tudo, mas chega um tempo em que não é mais possível fugir, escamotear, calar, fingir que está tudo bem! Não, não está tudo bem e como dizia a minha avó: "quanto mais a gente abaixa, mais a bunda aparece!"  

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