Mônica Vermelha

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Morte à desigualdade!

A democracia, segundo a origem da palavra - demos = povo / kratos = poder - é o governo do povo, ou no qual o povo detém o poder. Em se tratando de tempos modernos, nos quais a democracia direta não é viável, temos a tal da democracia representativa e, na grande maioria das nações, essa "democracia" se faz no cenário liberal-capitalista e pronto, está feito o estrago.
Temos, nós e todos os países democrático-capitalistas, uma democracia marcada pela violenta influência do poder econômico em todos os aspectos possíveis. Só para citar alguns: quem tem dinheiro, tem tempo de fazer política, quem não tem, tem mais o que fazer (garantir a sobrevivência, correr atrás); quem tem dinheiro tem acesso a tudo: educação, cultura, saúde, transporte... quem não tem, passa a vida tentando ter acesso a alguma coisa; quem tem dinheiro se elege, quem não tem, não se elege ou faz aliança com quem tem; quem tem dinheiro tem espaço na mídia, quem não tem, também tem espaço na mídia se for no papel de criminoso, palhaço ou testemunha de um rico contra outro, quem tem dinheiro compra tudo e quase todos, quem não tem vai para a cadeia... Não tem jeito, de qualquer forma, o nosso problema é a desigualdade social, é o infinito fosso existente entre pobres e ricos; enquanto houver essa distância de milhões de anos-luz entre as classes sociais, não haverá democracia que mereça o nome, simplesmente porque a desigualdade é profundamente anti-democrática, ou melhor, ela é a própria expressão da "não-democracia". Não tem reforma política nem governo de esquerda que possa transformar um país desigual numa democracia, isto é simplesmente, impossível.
Para o miserável a democracia simplesmente não existe: o direito de ir e vir não o leva a lugar nenhum, o direito de se reunir não o faz se sentir menos cansado ao final do dia e com disposição para ir a qualquer reunião, o direito de votar é apenas a obrigação de ir às urnas, o direito de expressão é a liberdade de ficar calado para não piorar as coisas, o direito à propriedade é o direito de morar nos morros e ser soterrado sem questionar o latifúndio ou a especulação imobiliária, o direito de greve é o direito de apanhar da polícia e voltar a trabalhar sem ganhar nada, o direito de associação é apenas a obrigação de entregar uma parte do seu minúsculo salário ao sindicato ...

É interessante, igualdade social e  democratização andam juntas na Dinamarca, no Japão, na Suécia; por outro lado, desigualdade e falsa democracia estão de mãos dadas - praticamente fundidas - no Brasil, no Haiti, na Serra Leoa etc.

De vez em quando, eu fico pensando aqui com os meus botões, e se a gente arranjasse um "ditador" de esquerda, um ditador democrata - nada de sustos, tem tanto democrata-ditador por aí, não é mesmo? Um ditador democrata seria um ditador eleito, seria alguém capaz de mobilizar o povão e peitar as nossas "tão democráticas" elites. Seria o paraíso se tivéssemos alguém capaz de por as coisas nos seus devidos lugares, alguém capaz de peitar as grandes redes de televisão, os grandes empreiteiros, banqueiros, ruralistas... de impedir que os mesmos continuem mamando nas tetas gordas do Estado que eles gostam de dizer que só seria bom se fosse mínimo; só para começar.  Será que melhoraríamos a distribuição da riqueza neste nosso Brasil, será que conseguiríamos fazer um caminho menos desigual por onde a democracia pudesse caminhar altiva? Eu, não tenho dúvidas, voto de olhos fechados, na extinção dessa desigualdade perversa, podre, safada e, se pudesse, condenaria à pena de morte essa nossa hipócrita, definitiva e absolutamente mentirosa, democracia brasileira. Ah, em tempo: o ditador no qual eu votaria, não pode ser militar, tem que ser civil, preferencialmente um que tenha se esquivado do serviço militar obrigatório. E só para que não pairem dúvidas, eu prefiro um milhão de vezes essa democraciazinha que temos a qualquer ditadura militar e também à qualquer ditadura civil que não seja eleita. Eleição, para mim, é primordial, mesmo que absolutamente contaminada pelo poder econômico.  

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